Em entrevista especial para o Janebeauty, a Gerente de novos negócios da Ache Laboratórios, Ana Lúcia Koff, com 12 anos de experiência na indústria farmacêutica, comentou um pouco sobre um assunto que ela, como nós, ama e acredita estar conquistando cada vez mais espaço no mercado.
Sou bastante entusiasta da onda dos produtos com verdadeiro resgate do “natural”. Apostaria dizer que esta onda vem para ficar. A tendência por produtos livres de químicos, agrotóxicos, aditivos artificiais tem encontrado bastante sensibilização da sociedade e de profissionais de saúde. Sabemos que muitos destes produtos químicos não possuem estudos de segurança que comprovem sua idoneidade no uso prolongado. Hipóteses surgem que muitas doenças crônicas poderiam estar relacionadas ao consumo crônico de alimentos com agrotóxicos, por exemplo.
Existem diferenças conceituais entre os cosméticos orgânicos/ naturais/ veganos/ etc . Por exemplo, cosmético orgânico possui como conceito que toda a sua cadeia produtiva, desde o cultivo das matérias primas, materiais de embalagem, linha de produção, maquinário, até sistema de higienização estejam livres de agrotóxicos e produtos químicos. Ao menos 95% das matérias primas devem ser certificados como orgânicas. Os outros 5% podem ser água e matérias primas naturais. Uma inspeção por empresa certificada (ecocert ou IBD) é necessária para a creditação. Hoje o Brasil não possui legislação aprovada para certificação de cosméticos orgânicos, apenas naturais. Acabamos seguindo as premissas adotadas no exterior.
Já os cosméticos naturais devem possuir ao menos 95% de matérias primas naturais e os outros 5% podem ser matérias primas sintéticas, desde que não estejam na lista de “item proibidos”.
Portanto um cosmético orgânico sempre será natural, mas o inverso não é verdadeiro.
Importante não confundir cosmético natural com cosméticos a base de matérias primas naturais- neste último caso, são cosméticos feitos a maneira convencional, com produtos químicos e utilizam alguma matéria prima de fonte natural.
Apesar das vantagens relacionadas à segurança de uso de produtos naturais/orgânicos etc, como comentado até aqui, alguns profissionais ainda pontuam que estes não tem a mesma eficácia frente aos produtos convencionais. Algumas tecnologias, ou ativos são obtidos exclusivamente por processos sintéticos, o que acaba limitando bastante a gama de ativos disponíveis para enquadramento na onda “natureba”
A nanotecnologia é um bom exemplo. Ela consiste em nada mais do que disponibilizar ativos em tamanhos muito pequenos (nano) permitindo assim maior penetração (chegando a alvos mais profundos na pele e nos cabelos), liberação controlada, entre outros benefícios. Ela pode se utilizar de Lipossomas, nanogeis, ou qualquer outro carregador nanotecnológico.
As matérias primas de fontes naturais disponíveis hoje ainda não chegaram no grau de eficácia de algumas ativos sintéticos – e cito como exemplo despigmentantes, produtos antiaging e as produtos utilizados para coloração dos cabelos.
Em suma, cada um tem seu papel no nosso universo do autocuidado. O natural tem um grande apelo de resgate do simples, do “verdadeiro”,do seguro. Entendo que o mercado responderá bem em produtos com este apelo para higiene pessoal (sabonetes, hidratantes, shampoos, baby care ). Em contrapartida os produtos oriundos de tecnologias de ponta, como a nanotecnologia, continuarão tendo seu espaço no atendimento de questões específicas, onde a tecnologia indiscutivelmente traz mais resultados.
Ana Lucia Koff
(Gerente de novos negócios Ache Laboratórios | Farmacêutica Industrial, Mestre em Gerontologia Biomédica | Especialista em Engenharia Cosmética e Pesquisa Clínica | MBA em Gestão Empresarial)
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